Tambor de Crioula

Os seis minutos da gravação, mostram uma encenação de outro folguedo tipicamente maranhense: o Tambor de Crioula, Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, desde 2007. Assim como o Tambor de Mina, a sua origem vem dos cultos dos negros da nação jeje, trazidos da África, como escravos. Geralmente realizada ao ar livre, a brincadeira obedece a uma coreografia livre e variada, desenvolvida no interior de um círculo formado por dançantes, cantadores, tocadores e acompanhantes. O ritmo é marcado por uma parelha de três tambores afinados a fogo e tocados por homens, que os posicionam entre as pernas: o grande, o meião e o crivador. O seu canto traz versos simples e improvisados, que aos poucos vão sendo aprendidos e entoados por todos os brincantes, que acompanham mulheres que evoluem em círculo, rodopiando saias estampadas.  O auge da brincadeira se dá com o rito da punga, ou umbigada, que é quando as dançantes chocam o ventre entre si, em desejo de fertilidade uma das outras. Mesmo considerado profano, o Tambor não abandonou o seu lado místico. Realizado em homenagem ao santo católico Benedito, cultua igualmente a entidade daomeana Toe Averequete, um cozinheiro escravo que alimentava negros em fuga do cativeiro. Gravada em 2013, no palco do Teatro Arthur Azevedo, a apresentação fez parte do espetáculo comemorativo dos 40 anos da Companhia Cazumbá de Teatro e Dança, criado e dirigido pelo teatrólogo e folclorista Américo de Azevedo Neto.