Pajelança

Os 9,30 minutos da gravação mostram uma interpretação teatral do rito da pajelança, em representação a um pedido de permissão aos caboclos e encantados, para os trabalhos que seriam realizados. Muita das vezes confundida com o tambor de mina, a pajelança ou cura (como também é chamada) tem a sua origem nos rituais xamanistas anteriores ao descobrimento, quando cabia aos pajés a intermediação entre os ameríndios e o mundo espiritual. É uma forma de magia nativa da Amazônia, tipicamente indutiva, que atua sobre qualquer elemento vivo, mantendo estreita relação com os demais reinos da natureza: vegetal e mineral. Portanto, a pajelança vem a ser bem mais antiga do que a mina, com a qual manteve estreita relação, em busca de proteção. Para fugir da intensa perseguição supersticiosa, muitos pajés ou curandeiros buscaram refúgio nos terreiros, junto com as suas entidades. Nestes terreiros, na hora das cerimônias da cura, os abatas ou tambores usados na mina eram substituídos por pandeiros, adufes e tambores de crioula. Mães e pais de santos davam lugar a curandeiros ou curandeiras, distinguidos por seus maracás e os obrigatórios penachos de arara. Gravada em 2013, no Teatro Arthur Azevedo, a apresentação deu início ao espetáculo comemorativo dos 40 anos da Companhia Cazumbá de Teatro e Dança, criado e dirigido pelo teatrólogo e folclorista Américo de Azevedo Neto.